terça-feira, 4 de agosto de 2009

Diário de bordo: Etapa Baêa, man!




Segundo momento da turnê, só shows na Bahia. Shows prometidos: Camaçari, Poções e Lauro de Freitas; Shows realizados: Poções. Calma, sem alarde. O saldo pode ter sido de 2 pra 1 mas o rendimento foi de 3 pra 2. Porque? Explico abaixo.










Saímos de Aracaju sexta pela tarde. Desta vez sem Lelo – que, com sua namorada-tiete Daniele, foi com Bruno da Pantaloons de carro - e Rafael da Daysleepers que estava em Salvador. Fomos de Aracaju àquela cidade de trânsito infernal (Salvador) pegar o Rafa. Bom que eu conte logo antes que outra pessoa o faça: tava com dor de cabeça e fui pegar uma neosaldina na mochila. Confundi com dramin. É, tomei dramin pensando que era neosaldina. Me toquei do feito e tomei neosaldina por cima! Auei! Geração saúde strikes again!
Aperreio local: Camaçari ela mesma, e agora? Hehhehehe, eu explico.
Primeiro, no caminho a Camaçari só tinha biboca, estrada estreita e/ou mal sinalizada e uns núcleos industriais medonhos com cara de filme B de terror. Chegando na cidade, nos batemos um pouco pra chegar no lugar do show mas chegamos.
Resultado foi que não rolou o show porque a eletricidade tava instável. Instável mesmo, true do capeta. Forte, fraca, apaga tudo, pisca, pisca, volta forte, daí pra baixo. Ninguém ia ligar equipamento de som num lugar daquele jeito. E o Jair que era um dos organizadores, fez todo o possível pra rolar. Aporrinhou feio o pessoal da eletricidade, mas nem teve jeito.Vale lembrar que o Jair também tem banda (Declinium) e que mesmo não sendo culpa dele enviou um pedido de desculpas à Nordeste Independente. Coisa fina rapaz, gente educada é outra coisa.



Arrumamos uma pousada, fomos pruma lanchonete (Cara? Não. Um assalto a mão armada) engordar um pouco e depois de volta pra pousada dormir. Lembrete: enquanto lanchávamos, numa praça do lado da lanchonete rolou tiro. Uma mulher correndo e pouco após um policial atrás. Foi massa. O desejo de ir a um bar tomar uma cerveja dissolveu-se tão rápido quanto o barulho da bala pelo ar. O bom e velho pensamento de “Fodeu, viemos tocar, não tocamos, e não vamos tocar mais nessa turnê”. Mas tocamos.
Saímos de Camaçari cedo, tomamos café da manhã numa lanchonete próxima à pousada. Começaram as brincadeiras de motim, de boicotar Poções. Tivemos de dar o braço a torcer: a (muito longe) cidade por vir foi do caralho. Nosso fotógrafo Bolota teve de ir a Salvador, o pescoço dele travou, um torcicolo podrêra ou coisa do naipe. Só o reencontramos em Lauro de Freitas.



Fomos para Poções, estrada virado na porra. Fotos bizarras de esculturas em glória a Perninha. No meio da estrada, uma surpresa: alguém abriu a janela e pôs o braço pra fora. Estava mais frio que dentro com ar condicionado. Sinal de aproximação da Bahia Mineira. Em Poções, surpresas. Cidade bonita, clima frio/genial, o lugar do show grande e bem bacana, fomos bem recepcionados pelo Gilmar que era um dos organizadores. Tivemos pousada arrumada pelo evento. Estávamos chiques. Na hora do show, muita gente, equipamento de som bom e até telão atrás. Uma banda local ia abrir e outra fechar, porém a que ia abrir se atrasou e a Baggios começou a arregaçar a noite.





Só uma ressalva: fomos avisados que o nosso show estava quebrando o jejum de 2 anos sem show de rock por lá. Dá pra ter dimensão da porra? Dois anos sem shows? Nossa Senhora de Guadalupe. Mesmo sendo tudo bom (ou quase tudo), não poderia deixar de ter tido um...


Aperreio local: uma banda da cidade (cujo nome não será citado porque eu tenho classe) resolve “esticar” um pouco o repertório... O acordo era de cada banda fazer 35 a 40 minutos de show. Me vem uma certa banda, parecendo que saiu dum show do Jack Johnson em um terreiro de macumba e começa a se esticar, se esticar, se esticar e OPA! Uma hora de show. Começamos a fazer pressão, reclamar com a organização, armar os equipamentos na lateral do palco e OPA! Terminaram o show depois de uma hora e meia. Tákillpariu! Ainda foram desarrumar o terreiro, tirar as galinhas pretas e as pranchas de surf... Resultado: quase duas horas na brincadeira;os shows da Elisa e Daysleepers atrasaram de forma que a banda que ia encerrar a noite não tocou pois não havia mais ninguém. Puta merda ein?
Outra constatação válida sobre Poções: baqueta é? Tem mais não! Ravy da Daysleepers teve suas baquetas roubadas em Poções e acreditamos saber quem foi. Temos fotos e tudo mais! Kkkkkkkkkk.


Os Irmãos Patrulhas ( ja gostam de umas baquetas viu)

Surpresa!


Do show, sem descanso. Fomos pro hotel rearrumar as coisas, cochilar uma meia hora, comer um pão com café e pegar estrada de novo. A Lauro de Freitas. Pegamos um senhor engarrafamento. Jah, sê piedoso de nós. Salvador Fest: um engarrafamento infernal causado por essa festa, dezenas de carros tocando axé music e NENHUMA música se repetia. Espero que quem for atualizar o blog coloque fotos daquilo, pra que se tenha dimensão do diabo. Parece brincadeira, mas tinha gente a pé, dançando e rodando camisa sob sol de meio dia a caminho desse diabo. Esse coreógrafo (da camisa a rodar) encontrou com os amigos no meio do caminho, pôs as mãos no meio fio, arreganhou a bunda, começou a rebolar enquanto o seu “amigo” encasquetava por trás, e outro e outro, e mais outro... e no fim tínhamos um gang bang ao ar livre. Sensacional.
Depois do Freak Show, lá chegamos, entre arrombados e fodidos e fedendo bastante também. Lauro de Freitas. Praia, vento, cervejinha de leve. Fomos primeiro ao lugar do show conhecê-lo, depois comer. Alimentados, voltamos ao bar do show.

DESTAQUE LOCAL: Sabe o Bell marques do Chiclete? Pois é, o vimos passando de buggy com umas mulé dentro. Parecia mentira, todo mundo se olhando, mas era ele mesmo. Digo mais: o buggy era rosa. E cheio de mulher. “Nosso amor valeu demais” mesmo viu?

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Aperreio local: um acordo foi feito com a gente, outro com a banda local e dono do bar. Porra! Para nós, foi dito que a banda de lá começaria pelas quatro. E ai, pelas cinco, cinco e meia as bandas sergipanas começariam. Para o dono do bar e para a banda de Lauro de Freitas, foi dito que ela começaria pelas quatro e terminaria pelas oito horas da noite. Depois de muita espera, negociação com a pessoa que fechou o show, muito telefonema, enchimento/encheção de saco, resolvemos que não rolaria. O show não valia a pena, não tinha gente no lugar, enfim, uma pena.




Arrumados os trecos de volta no carro, estrada pra Sergipe. Parada estratégica em um posto de Guarajuba para abastecer nosso isopor com cerveja. E agora é a hora em que todo tipo de babaquice cabe. Do “meus irmãos de viagem” a “o crescimento humano frente às adversidades”. Sárrombar! Fí-du-cabrunco daquele que esteve naquela van (exceção pra Façanha, mas que mesmo assim acho que concordaria) e invente de abrir a boca pra dizer que não se divertiu. Três bandas pelo nordeste, todo mundo amigo, piadas múltiplas, freak shows para todo lado em salvador, oportunidades novas que rolaram. Pô, fi-de-rapariga-de-preso daquele que reclamar Foi muito bom.
Disso tudo, só posso deixar uma frase: E ai, quando é a turnê do sul?
Pedro yuri

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Diário de Bordo: Parte 1



Junto ao Capitão Façanha e sua Van, nós (da Daysleepers, The Baggios e Elisa) caímos na estrada. Para quem não acompanhou desde o princípio, as três bandas já citadas resolveram pegar estrada e tocar pelo nordeste. E após alguns shows para arrecadar fundos, contatos feitos, shows marcados, jejuns realizados e muitos ofícios enviados (e negados) finalmente conseguimos fechar os zíperes de nossas malas, pôr nossas violas nas costas e ir pro asfalto.

A rota desta primeira etapa foi Recife, João Pessoa e Natal. Respectivamente, dia 02, 03 e 04 de Julho. Ao contrário do que se possa pensar, o cansaço não dominou. Talvez o fato de nos conhecermos a tempos, talvez o espaço físico extremamente limitado, talvez a necessidade, talvez essas mágicas e frescuras intergalácticas. Não importa os “talvez”, importa que nos divertimos pracaralho juntos no carro. Besteiras pairando pelo ar, pacotes de biscoito e garrafas d’água de um lado pro outro. Nos acompanha(ra)m: Igor da Glorybox como roadie-preguiça, homem de palco e alcoólatra; Danilo “Bolota”, fotógrafo e sarcástico; e (Capitão) Façanha como motorista da Van.



É válido fazer uma breve homenagem ao Señor Cojones dessa nossa turnê: Júlio Dodges, Rei do Blues, Michael Jackson ou simplesmente Julico da Baggios. O cara foi realmente o homem da viagem, disparando piadas e chavões com um humor afiadíssimo. Talvez a amálgama da viagem (que tanto procurei origens no parágrafo de cima) tenha vindo desse cara que infelizmente sofreu a perda irreparável da irmã – à qual dedicou uma música em todos os shows - e que teve cunhões pra seguir em frente mesmo assim. Tamos contigo nêga veia! Oh yes, oh no! Tchunáite!

As histórias são muitas, aqui está um resumo superficial delas. Por mais estranho que possa parecer, preferirei aqui falar mais de nós mesmo, de nosso “rolé” e não tanto dos shows. Explico: quantas vezes você faz um show, acha uma merda e recebe cumprimentos de alguém que assistiu ou de algum amigo da turnê dizendo que foi do caralho e que o som tava muito bom? E o contrário? Pois é, por isso preferi assim. Bom também dizer que para todas as cidades podemos nomear uma dor de cabeça maior ou, carinhosamente, um “Aperreio local”. Eles nos ajudarão a nos guiar.

Saímos de Aracaju na quinta feira de manhã chegando a Recife pela tarde. Vamos contentes para o estúdio de ensaios e gravações que seria nosso “hotel” ou dormitório após o show. Lá chegando conversamos com um rapaz que é designer e trabalha atrás do estúdio. Acabamos por saber que não rola esse estúdio.




Aperreio local: ficamos sem “hotel”, e agora? Correria. Fomos almoçar e saímos ligando pros amigos e conhecidos na cidade. Resultado foi que dormiu metade da marmanjada num albergue e outra metade na casa da cunhada de Rafael. No show, gente, mas menos do que o esperado. O pedal de Fabrício tomou um copo de cerveja e continuou vivo, entenda! Era uma quinta feira de chuva no Recife antigo. A chuva, essa safada, nos perseguiu nordeste acima junto do grupo Eddie hehehehe. Só que o Eddie parou a perseguição em João Pessoa. A chuva foi all the way up to Natal.

No dia seguinte, fomos almoçar no shopping e depois pegamos estrada de tarde numa Recife que fervia em tráfego e em calor. Quente virada no estopor! Chegando pelo fim da tarde/começo da noite em João Pessoa, fomos pro Espaço Mundo conhecer logo o lugar e depois hotel pra nos ajeitarmos.

No hotel, com uma maldita escada de degraus irregulares, Arthur ganhou o coração da dona que só chamava ele de coisas como “Arthur meu amor” pra baixo. Passado pouco tempo lá, coisa de uma hora, fomos pro Espaço Mundo de novo.

Aperreio local: a eletricidade do palco era 220 v sem transformador, e agora? A Elisa seria segunda banda da noite. Abertura da banda local Gauche. Trabalho bacana o deles, procurem. Matheus foi o único que estava com estabilizador e transformador. Ele sozinho não estava conseguindo alimentar todas as coisas da Elisa. Resultado? O transformador queimou.

Solução? Sobe a Baggios, com uma formação menor e bem menos tomadas a usar, enquanto o pessoal (acho que foi o Rayan, não lembro, só sei que somos muito³ gratos) do Espaço foi no estúdio de ensaio deles catar um estabilizador que também era transformador. Salvaram a pátria. Após o show da Baggios, tínhamos enfim tomadas o suficiente pra ligar a Elisa e a Daysleepers. Ufa.

Durante os shows começa a chover. Chover mesmo, hardcore nervoso, estilo toró, velocidade 5 do créu. Numa trégua mínima da chuva, guardamos os instrumentos. Volta pro hotel, banho, sono de uma hora de duração pra uns e uma hora de TV pra outros. Café da manhã, toró de novo, guardamos as malas, rua.

Estrada de novo. Como já falei, muita chuva desde cedo em João Pessoa até chegarmos a Natal. No nosso destino, fomos logo procurar o nosso hotel e nos ajeitar. Quando chegamos lá e abrimos a carrocinha dos instrumentos, nos deparamos com o...

Aperreio local: a chuva do dia anterior botou alguns dos nossos instrumentos para beber água, E AGORA? Já imaginou o desespero de um músico ao puxar a mala de seu instrumento/esposa/viver/bebê/amor e ela, suspensa, escorrer água? Não queira nem imaginar. A guitarra de Fabrício, o baixo de Lelo, meu violão e meu set de pedais, a guitarra de Julico, o violão de Arthur. Algumas das vítimas.

Puta que o pariu. Era a frase incessantemente repetida e intercalada com “eita caralho”s e “eitcha cabrunco”s e “puta merda”s. Puta que o pariu. Correria extrema. Os instrumentos foram levados aos quartos mais rápido do que o Samu leva acidentado para o Hospital João Alves. Flanelas, bolas de algodão, papel higiênico, toalhas, ar condicionados. Todos foram os meios usados pra salvar os instrumentos. Felizmente, todos sobreviveram. Garantia que o dinheiro neles foi bem gasto. Arthur até me soltou “Mermão, depois duma já sei que não vendo meu violão nunca! Você vende o seu Pedro?” e respondo “Nem a pau”.

Trabalheira pra chegar ao DoSol: a rua estava tendo uma Caminhada Histórica de Natal, ou coisa parecida. Gente que só a porra. No bar conversamos um bocado com o Anderson Foca. Gente finíssima, trocamos muitas idéias. Ele também é o autor de uma das resenhas do show, a que pusemos anteriormente aqui, confiram. Ele e o Hugo (http://www.oinimigo.com/blog/?p=2181) conseguiram explicar o show melhor do que jamais conseguirei.

Do show, fomos comer. Depois voltamos ao hotel e (com a lição aprendida dos instrumentos terem tomado banho) embrulhamo-os todos em sacos plásticos vedando com fitas. Finalmente dormir e que nem gente decente: cama fofinha, ar condicionado.




A volta foi difícil, quatorze horas de estrada mas no momento, não posso negar: tenho a sensação de dever cumprido. Com isso não quero que se entenda que estou menosprezando e muito menos ignorando os nossos shows pelo interior da Bahia. Muito pelo contrário: eles têm sido repetidamente alvo de conversas nossas dentro da van e também de muitas expectativas. A questão é que nós nos propusemos a uma coisa: sair do estado e defender tudo isso.

E, bem, nós saímos e agora o que nos resta é a parte gostosa de tocar e fazer o melhor show possível a cada noite. Com algumas lições aprendidas nessa primeira etapa, nossa mala vai um pouco mais cheia para a etapa Bahia. Barola! Ops. Simbora!

http://moysebass.livejournal.com/18488.html

http://coletivonoize.blogspot.com/2009/07/resenha-invasao-sergipana.html

http://www.dosol.com.br/2009/07/05/como-foi-invasao-sergipana-no-dosol/comment-page-1/

http://www.oinimigo.com/blog/?p=2181

segunda-feira, 6 de julho de 2009

Uma Barolada!



Essa primeira parte da Tour foi uma grande "Barolada".Quatorze marmanjo numa Van quem diga. Ow yes, Ow no, tchunaiti!
Vimos Muito chão e Picos de show fodões. Experiencia bacana para as três bandas, contatos e convites pra festivais.
Segue o texto que Foca, produtor musical de Natal fez sobre a Invasão Sergipana.

Já é quase uma característica e também uma coisa ao meu ver bem natural. Os shows mais impressionantes que passam pelo Centro Cultural Dosol invariavelmente (com exceções é claro) são vistos por pouquíssima gente. Lembro de uma show clássico do AMP (PE) para umas 30 pessoas e ontem o The Baggios fez o show mais impressionante do ano por aqui. E olhe que as outras bandas também moeram. Não teve o que fazer, desceram do palco é já chamamos o duo para o Festival Dosol 2009. IM-PRE-SSI-O-NAN-TE! Uma foto e comentário:

O Distro está na sua melhor fase, realizando shows muito bons. O de ontem não foi diferente.

Com brinquedinhos, ótimas melodias e um ótimo vocalista o Elisa mostrou que a música pop sergipana vai muito bem obrigado. Na foto o vocalista bricando com os pedais. Com as portas abertas umas cem pessoas passaram pelo bar, aproveitando o público da Caminhada Histórica de Natal.

O Daysleepers é outra banda que ataca as melodias com maestria fazendo um pop harmosioso e bonito. Legal ver bandas assim em ação no Nordeste.



Vou explicar o que foi o The Baggios. Uma guitarrista A-NI-MAL tocando com amp de baixo e guitarra ligados ao mesmo tempo. Uma muleque na bateria quebrando tudo. E isso é suficiente para encher de alegria um roqueiro como eu. Foi lindo! Alguém disse que era o White Stripes do Nordeste, mas o White Stripes que me desculpe ou me convença ao vivo um dia porque essa rapaziada aí me pegou muito mais. De novo: A-NI-MAL!

Mais fotos no Flikr DOSOL

Elisa



“O quarteto sergipano Elisa é prova cabal que somos capazes de fazer pop inteligente, sofisticado e moderno, sem parecer difícil, petulante ou inacessível. É mais uma a somar na excelente safra de grupos pop e rock surgidos em Aracaju.”
Jesuíno Oliveira – Lado Norte


Fechem o almanaque. Receitas prontas não servem para qualificar a banda Elisa – composta por Pedro Yuri, vocal, violão e banjo; Saulo Nascimento, teclados, programações e vocais; Matheus Ferreira, baixo e vocais; e Fabinho Espinhaço, bateria. A sonoridade dos rapazes, no seu ep O Quarto dos Fantasmas, tem caminho muito próprio e bastante diferente do que se vê no cenário aracajuano (da distante Sergipe) ou mesmo na cena nacional hoje.
A guitarra foi aposentada. Um violão médio-grave assumiu seu lugar e procura riffs mais pops, mais próximos de uma digitação new rave. Mais dançante. O curioso nisso é o contraste disso com alguns elementos psicodélicos como se vê na faixa “Os sete pilares (dos sete mares)”. Ou mesmo na faixa “Quando ela foi embora”.

A brincadeira continua com os pianos elétricos que compõem a sonoridade da banda e que evocariam um som mais blasé ou mais cult/indie. Nada disso. Um uso até certa medida mais agressivo dá à sonoridade do piano algo novo. É o exemplo de “Floriza” ou de “Helicópteros”. Em outros momentos, o teclado assume distorções e efeitos espaciais que fazem cama para o canto e para o violão.

Mas talvez sonoramente o mais curioso seja a bateria. Um caso à parte no que se vem fazendo no rock “brazileiro”. As batidas têm células fortes, vibrantes, dançantes até. Mas são longas, não marcam ritmo, se expandem junto com o baixo criando uma languidez, uma ausência de pressa. Isso desnorteia e comove. Que se ouça a pungente “Retour” ou a delicada “Sobre uma canção de ninar”.

As letras dessa musicalidade pós-new rave falam de pessoas e inquietações. De amores que se vão, de fantasmas presos à vida, atados a uma relação mal resolvida. Falam também de perdas, de descrença, da maldade que há na bondade – da bondade que há na maldade. As letras falam sobre aquilo que nos aflige e que às vezes nos alegra.
Bem-vinda a feminina Elisa e o seu Quarto dos Fantasmas. Uma viagem pelo pop bem-feito (para não ficar sem uma comparação sonora: LCD Sound System). Uma visita às sonoridades da new rave sem compromisso de se filiar a nada especificamente.



Video da musica Quarto dos Fantasmas


Baixe o EP da banda em:
http://www.ladonorte.net/netlabel/netelisa.html
Contato:
(079) 8819-3233/3231-3652
banda.elisa@hotmail.com
http://www.myspace.com/bandaelisabr
http://www.tramavirtual.com.br/elisa
http://www.orkut.com.br/MainCommunity.aspx?cmm=78345473
http://www.youtube.com/watch?v=q9j2vFmE7UI

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Daysleepers



Olhando em retrospecto, e com a perspectiva histórica devidamente calibrada e estabilizada, não poderia parecer surpresa. Mas não se trata, somente, de atestar a relevância e força replicadora do pop sessentista através do tempo. Muito menos de colocarmos na mesa o fato de o passado – os legados, as experiências – estar ali, à distância de um clique no computador.

O que impressiona aqui é o encontro surpreendente no espaço-tempo que se dá de forma assombrosamente natural. O rio Mersey que sopra macio suas harmonias até as águas do rio Sergipe. As melodias californianas que brilham plenas nas areias brancas de Aracaju. E os meninos inquietos que querem soar doces e agradáveis, chegar perto do belo e celestial através de adoráveis canções.


A rebeldia juvenil de Arthur Matos, Lelo Soares, Fabrício Rossini, Ravy Bezerra e Rafael Eugênio, não é chocar com a distorção mais pesada, os gritos mais agudos ou a bateria mais nervosa. É se apresentar como uma banda sergipana e não tocar forró. É vir do nordeste e não se atolar em regionalismos de manguezal. É serem pós-adolescentes da era digital interessados em sonoridades clássicas e atemporais.

É por isso que quando a faixa título “Tempo” soou nas ondas da rádio Cultura FM, em uma noite chuvosa de Brasília, disse um ouvinte: “não sabia que bandas nacionais faziam esse tipo de som...”. E isso não foi como dizer “eu não sabia que o rio Sergipe era afluente do rio Mersey”. Foi muito mais como “eu nunca imaginei que a garota de Ipanema ouvia Beatles e Beach Boys...”.


Porque é disso que se trata o EP debute do quinteto de Aracaju: a confecção de canções de melodias doces e ao mesmo tempo emocionais; a lapidação de harmonias vocais intrincadas para adornar peças sonoras pop; e a expectativa única de levar ao ouvinte a sensação elevada de bem-estar. Se a herança sessentista de Beatles, Beach Boys, Byrds e Zombies imprime forte marca no trabalho autoral do Daysleepers, os ecos reprocessados e modernizados daquela época pelos Wondermints, Travis, Nelson Bragg e outros, também influenciaram a feitura de “Tempo’.

Dos céus verdes da capa do EP desce a cítara indiana que se condensa em violões na entrada da faixa título. Logo depois, órgãos são cobertos por harmonias vocais até os falsetes de Arthur no inspirado refrão – que remete aos mestres do pop psicodélico Olivia Tremor Control e Sunshine Fix. A contagiante “Na Sua Janela” mostra o capricho dos rapazes nas harmonizações de voz e a climática “Velha Estante” valoriza o encanto melódico do pop barroco aprendido com os fundamentais Zombies.

“Do Outro Lado” continua exibindo a riqueza harmônica do Daysleepers, em atmosferas de sonho que orgulhariam Brian Wilson. E a beleza profunda e reflexiva de “Cidades Coloridas”, que em meio aos descaminhos e a solidão encontra uma ponta de esperança disfarçada em “tchu-tchus” altamente pop. O ingênuo e sincero amor colegial aparece na singela “Aos Dez Anos”, exaltando o poder atemporal que uma canção pode ter.



Porque, no fim das contas, não interessa de onde ou quando vêm as mais bonitas canções, e sim o bem que elas podem te fazer. Que o álbum cheio dos meninos de Aracaju venha recheado delas, pois o mundo ainda não pode prescindir do valor curativo de uma simples canção pop.

Paolo Milea – Powerpop Station: www.powerpopstation.blogspot.com



Conheça mais da Banda em:


Myspace:
http://www.myspace.com/daysleepersbr

Comunidade no Orkut:
http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=50230508

Fotolog:
http://www.fotolog.com/daysleepersbr

Trama Virtual
http://www.tramavirtual.com.br/daysleepers

Lado Norte (link para baixar o EP)
http://www.ladonorte.net/netlabel/net-daysleepers.html

Youtube
http://www.youtube.com/user/daysleepersbr

Mondo Bacana (link para baixar o EP)
http://www.mondobacana.com/index.php?view=article&catid=112%3Adiscos&id=953%3Adaysleepers-tempo-mb13&option=com_content&Itemid=506

Cartazes parte 01


Recife

João Pessoa

sábado, 27 de junho de 2009

The Baggios

The Baggios é uma dupla sergipana. Formada em 2004, já me impressionou no primeiro EP, que derramava blues por todas as faixas mas era também moderno, cosmopolita e ainda “roots”, viril, garageiro, tosco. E exalava sergipanidade, algo difícil de identificar numa banda essencialmente rock. Tudo ao mesmo tempo agora. Fiquei intrigado. E curioso: os caras não tinham nem 20 anos! O nome, uma homenagem a um conterrâneo andarilho e hippie que vagava pelas ruas de São Cristóvão nas décadas de 70 e 80 com um violão e total desapego a bens materiais. Um sonhador que “não deu certo” na música, mas inspirou rockers locais como Julico e Lucas, o primeiro baterista.



Julio Andrade saiu da pacata cidade histórica de São Cristóvão com um punhado de canções estradeiras, falando de coisas simples do dia a dia, do tédio, de relacionamentos. Encontrou em Elvis Boamorte um parceiro “firmeza” para o primeiro disco e shows com público maior. Atualmente, Gabriel Carvalho, 17 anos, aracajuano do Augusto Franco, segura tudo na sólida muralha rítmica necessária para shows explosivos e com volume “no talo”. No caldeirão sonoro muito blues e southern rock, com pitadas de folk, soul music e influências de Raul Seixas, Hendrix, Stones, de bluesmans como Sonny Boy Williamson e Robert Johnson e de grupos mais recentes como Jon Spencer Blues Explosion, White Stripes e Black Keys. Os shows têm boa vibe, energia juvenil de sobra, feeling blues e rock envenenado, de pub, de garagem, de moquifo enfumaçado. De vez em quando o som da dupla ganha uma turbinada com os órgãos vintage de Léo Airplane, produtor dos dois discos deles e de várias bandas underground sergipanas, ou da gaita do camarada Mateus Santana. Mas a guitarra distorcida de Julico comanda o combo blues-rock, está no centro, é o foco. O cara é bom, se dedica ao instrumento e o domina ferozmente com ou sem slide, mas também se mostra mais delicado no violão folk e em dedilhados envolventes baseados na velha escala pentatônica do blues. Preenche espaços, sabe fazer a música andar e respirar. Bota a moçada pra cantar junto. Tem as manhas.

Aí finalmente me chega às mãos “Hard Times”, o novo disco. São 8 faixas que não apenas repetem o êxito sonoro e a originalidade do grupo. Vão além. “No Matagal” abre sem muitas novidades, é um bom rock stoniano e só. Já “Supersonic Explosion” traz novidades ao som do The Baggios, com guitarras surf que emulam The Ventures e Dick Dale. A faixa é instrumental e cairia bem na trilha sonora de um filme do Tarantino. Tem cacife e nível pra isso. “Oh Cigana” se destaca e também navega em novos mares, com uma pegada “spanish” que lembra uma jam session de Carlos Santana com o Led Zeppelin, um mix rock-caribenho acentuado pelo bom tema de trompete. “Trem da Nostalgia” é mais psicodélica e contemplativa, enquanto “Candangos Bar” soa como singles do The Who e Kinks em início de carreira, com gaita e levada r&b. “Black Man Song” parece o rockabilly com influências de jazz do Stray Cats, com bons licks e sonoridade de guitarra semi-acústica criando bons climas. É como se o grupo de Brian Setzer fizesse um cover de Gene Vincent & The Blue Caps, ou de um standard do jazz. “No Meu Bem-Estar” repete riffs, melodias e idéias do primeiro disco, mas na metade caminha pra outro lado mais funky-groove a la Jon Spencer. Funcionou bem. E “Hard Times” fecha o disquinho fazendo jus às influências de Robert Johnson e Son House, num blues acústico e clássico, nu e cru.


The Baggios é sem dúvida a banda mais promissora da nova geração do rock sergipano. É um grupo sem frescuras e bem resolvido, prático, barato (cabe num fusca mesmo com equipamento completo!), atual e atemporal, porque seu discurso é autêntico e universal, e sua base sonora já passou pela prova do tempo através da história da música contemporânea, a partir do século XX. O blues é resgatado e reinventado a todo momento, em toda parte do mundo. Aqui, tomou nova forma a partir dessa dupla sergipana. O público local é numeroso e fiel. Goiânia e Salvador já provaram desse blues sergipano, a Revista 100% Skate também. Agora eles estão mais que prontos para invadir festivais independentes, mídia especializada e demais palcos espalhados por aí! Eu boto fé.

* Rafael Jr é baterista das bandas Snooze e Maria Scombona, e graduando em Música/Licenciatura pela Universidade Federal de Sergipe.



The baggios no Cinemark: fevereiro 2009


Videoclipe Baggio Sedado


the Baggios no Capitao Cook



Video de Pegando um punga




Conheça mais sobre a banda:

Download do novo EP:
http://www.ladonorte.net/netlabel/the_baggios.htm
Comunidade
http://www.orkut.com.br/Main#Community.aspx?cmm=11476690
Myspace
http://www.myspace.com/baggios
Videos
http://www.youtube.com/thebaggios